As culturas mais antigas registradas são as do paleolítico (50000-8000 a.C.), que deixaram rica herança artística de pinturas rupestres, como as de Lascaux.
Os gregos, no século VII a.C., estabeleceram uma colônia em Marselha e negociaram com o interior através do vale do Ródano. No século V a.C. a cultura de La Tène se extendeu do leste da Gália a todo o resto do mundo celta.
Em 121 a.C., os romanos ocuparam Marselha, a que chamaram Massilia, e fundaram outros assentamentos no interior, que constituíram a base territorial da província romana da Gália Narbonense. Júlio César conquistou o resto da Gália entre 58 e 51 a.C., consolidando o poder romano.
Ao longo de todo o século IV da nossa era, pequenos grupos de germanos se haviam assentado na Gália por meio de pactos com as autoridades romanas. Em 406, este movimento se converteu em invasão quando os vândalos, os suevos e os alanos atravessaram a fronteira e se espalharam através da Gália. Em 412, os visigodos se estabeleceram no sul e em 440 os burgúndios na Gália oriental.
No último quarto do século V, quando diminuiu a autoridade imperial romana na parte ocidental do Império, os francos sálios conquistaram a Gália. Seu rei, Clodoveu I, ao converter-se ao cristianismo em 496, pôde consolidar seu domínio sobre o país.
A dinastia de Clodoveu, os merovíngios, governou até o ano 751. De acordo com o costume francês, todas as possessões do rei, inclusive o título real, se dividiam, com sua morte, entre seus filhos. Devido a esta prática, a França merovíngia se caracterizou por uma contínua desunião que culminou na guerra civil do século VI. No final do século VII, um mordomo do palácio, Pepino de Herstal, mostrando-se superior a seus rivais, estendeu com êxito sua autoridade sobre os ducados francos da Nêustria e da Borgonha. Em 751 Pepino, o Breve, depôs o último rei merovíngio e foi coroado rei dos francos.
A nova dinastia — posteriormente denominada carolíngia, por causa de seu membro mais destacado, Carlos Magno — se consolidou com a aliança estabelecida por Pepino com o Papado. Em troca da ajuda dos francos contra os lombardos, que estavam invadindo o território papal na Itália, o papa Estêvão II aprovou a pretensão ao trono dos carolíngios. Com a morte de Pepino (768), Carlos Magno se converteu em rei até o ano 800, quando foi coroado pelo papa Leão III com o título de Imperador dos Romanos.
Os ataques dos vikings e os problemas ocorridos após o reinado de seu filho Luís I, o Piedoso, significaram o início da decadência do Império carolíngio.
Luís decretou em 817 que seu filho mais velho, Lotário I, herdaria o Império e que seus três filhos mais jovens, Pepino de Aquitânia, Luís II, o Germânico, e Carlos, o Calvo, teriam reinos a ele subordinados. A divisão deu lugar a uma série de conflitos que só foram resolvidos em 843, com o Tratado de Verdun.
A desunião dos francos facilitou as incursões dos vikings que, em 911 e sob o comando de Rollon, obtiveram de Carlos III, o Simples, o território do curso inferior do Sena, que recebeu o nome de Normandia.
Com a morte de Luís V, último rei carolíngio, Hugo I Capeto iniciou a dinastia dos Capetos. Do ano 987 até 1328, a coroa foi transmitida sem interrupções na linha masculina direta.
A catedral de Chartres é um dos edifícios góticos mais famosos do mundo graças, em grande parte, a sua decoração escultórica e a suas janelas, que conservam a maior parte dos vitrais originais. A construção foi iniciada em 1194, após o incêndio que destruiu a antiga catedral situada no mesmo local. As duas torres na fachada oeste foram construídas com trezentos anos de diferença e têm diferentes formas e alturas, devido a modificações do estilo arquitetônico. O capitel, do final do período românico, em primeiro plano, é datado do século XIII e a agulha norte, do final do período gótico, ao fundo, é do século XVI.
Luís VI, o Gordo, consolidou o poder real na Île-de-France, região com centro em Paris, que era o feudo hereditário da família. Felipe II Augusto, por intermédio de seu primeiro matrimônio, conseguiu novos territórios no norte da França — Artois, Valois e Vermandois. Também assegurou o controle real sobre Vexin, uma área pequena, porém vital, no rio Sena, por constituir a fronteira entre a Normandia e a Île-de-France.
Em 1204, Felipe empreendeu a conquista militar da Normandia e de Anjou. Dez anos depois, o monarca francês assegurou os territórios conquistados ao vencer uma coalizão formada por Inglaterra, Flandres e o Sacro Império Romano na batalha de Bouvines.
Luís VIII, o Leão, dirigiu uma campanha que terminou com a expansão do domínio real em direção à costa mediterrânea.
Felipe IV, que reinou entre 1285 e 1314, foi o último dos grandes reis Capetos e fortaleceu amplamente os poderes régios. O rei anexou com êxito o Franco Condado, Lyon e partes da Lorena, mas fracassou em seu objetivo de controlar Flandres.
A intervenção de Felipe IV em Flandres foi bastante onerosa, o que o levou a tentar gravar com impostos o clero, provocando agudo conflito com o papa Bonifácio VIII.
Entre 1314 e 1328, três filhos de Felipe IV — Luís X (e seu filho João I, o Póstumo, que só viveu alguns meses), Felipe V e Carlos IV, o Belo — subiram ao trono sucessivamente e todos morreram sem deixar nenhum herdeiro varão. Com a morte de Carlos IV, a coroa passou ao sobrinho de Felipe IV, Felipe de Valois, que reinou como Felipe VI de 1328 a 1350, começando a dinastia Valois. O rei inglês Eduardo III, em 1337, reivindicou a condição de herdeiro do trono francês, por ser neto de Felipe IV, e os dois reinos entraram em conflito, iniciando-se a Guerra dos Cem Anos.
A segunda metade do século XIV foi um período marcado por várias manifestações de mal-estar social. Com uma economia deprimida, os custos da guerra continuaram a se avolumar. Durante este período os Estados Gerais, convocados pela primeira vez por Felipe V, conseguiram grande poder.
Durante o reinado de Carlos VI (1380-1422), o rei inglês Henrique V invadiu a França, derrotou o exército francês na batalha de Azincourt e tomou o controle da maior parte da França ao norte do Loire.
A revitalização francesa sob Carlos VII (reinou de 1422 a 1461) começou com a figura de Joana d'Arc. A guerra continuou por mais de 20 anos e em 1453 os ingleses tiveram que ceder todos os seus territórios continentais, com exceção de Calais.
Luís XI, que reinou de 1461 a 1483, consolidou a autoridade real, incorporou a maior parte do ducado de Borgonha a seu reino e utilizou as receitas reais para proteger, facilitar e estimular o desenvolvimento econômico.
Carlos VIII, rei de 1483 a 1498, casou-se com Ana, duquesa da Bretanha. Graças a esse casamento, o último principado feudal independente se incorporou à Coroa francesa.
Com apenas 13 anos, Joana d'Arc convenceu um conselho de teólogos de que Deus lhe havia encomendado salvar a França, durante a guerra dos Cem Anos com a Inglaterra. Conduziu a França a diversas vitórias militares sobre os ingleses em 1429. Um ano depois, ao dirigir uma batalha sem autorização, foi feita prisioneira, acusada e condenada por heresia, por pretender tratar com Deus sem levar em conta a Igreja Católica. Joana d'Arc foi queimada na fogueira em 1431, mas depois de 25 anos a Igreja modificou a condenação e mais tarde canonizou-a.
No final do século XV, a França havia superado as divisões territoriais de seu passado feudal e virou uma monarquia nacional que incorporava a maioria dos territórios compreendidos entre os Pireneus e o canal da Mancha. Na metade do século seguinte, a paz interna e o crescimento da economia elevaram a posição social dos grandes comerciantes, dos banqueiros e dos cobradores de impostos, enquanto a nobreza, dependente de receitas fixas e com as dívidas em aumento, viu como a inflação ameaçava seu poder econômico e social.
Os três primeiros monarcas do período — Carlos VIII, Luís XII e Francisco I — aproveitaram o forte crescimento da nação e a estabilidade interna para reclamar pelas armas o reino de Nápoles e o ducado de Milão. Na década de 1520, as guerras italianas se converteram em ampla disputa entre a França e a dinastia dos Habsburgo, reinante na Espanha e na Áustria, um enfrentamento que continuou de forma intermitente durante um século e meio. As guerras italianas terminaram com a Paz de Cateau-Cambrésis (1559), negociada pelo filho de Francisco I, Henrique II.
O aumento da população, sem o correspondente aumento da produção, e a inflação monetária, levaram a maioria do povo à pobreza. A Reforma protestante, que se propagou a partir da Alemanha durante o reinado de Francisco I, havia atraído muitos seguidores; mas nas décadas de 1540 e 1550, os postulados e doutrinas de João Calvino conseguiram o apoio de muitos partidários entre a nobreza e o povo simples. Henrique II considerou o calvinismo uma ameaça à autoridade real e tentou acabar com ele. Sob o reinado dos três filhos que o sucederam, as guerras de religião (onde se misturaram conflitos religiosos, políticos e dinásticos) dilaceraram o país.
Em 1584 Henrique de Navarra, descendente de Luís IX e chefe dos huguenotes (nome que receberam os protestantes franceses), passou a ser o herdeiro do trono, ao qual ascendeu com o nome de Henrique IV da França, estabelecendo a dinastia dos Bourbon no trono francês.
Em 1598, Henrique IV tentou assegurar a paz interna em seus domínios mediante a promulgação do Edito de Nantes, que garantia a liberdade de consciência.
A Henrique sucedeu seu filho, Luís XIII. Em 1624, escolheu como primeiro ministro o cardeal de Richelieu, que foi o governante efetivo da França durante os 18 anos seguintes. As principais metas de Richelieu consistiram em eliminar todos os rivais do poder real e conter as ameaças do estrangeiro.
O palácio e os jardins de Versalhes, próximos a Paris, são famosos por sua beleza e luxo. Quase 101 hectares de jardins meticulosamente planejados rodeiam o impressionante palácio barroco de mais de 1.300 quartos. A construção do palácio foi iniciada em 1661, durante o reinado de Luís XIV, e concluída 40 anos mais tarde. Foi a residência real até a Revolução Francesa de 1789.
Quando Richelieu se converteu no primeiro ministro do rei, a guerra dos Trinta Anos se encontrava em sua primeira década. Em 1635, Richelieu introduziu a França na guerra, como aliada dos protestantes suecos e holandeses contra os Habsburgo católicos. A Paz de Vestfália (1648) concedeu a maior parte da Alsácia ao reino da França e assegurou a contínua divisão e debilidade dos territórios alemães. Mediante a Paz dos Pireneus (1659), firmada com a Espanha, a França conseguiu Artois no norte e o Roussillon na fronteira espanhola.
Luís XIV governou inicialmente tendo como primeiro ministro o protegido de Richelieu, o cardeal Giulio Mazarino, que concluiu de forma vitoriosa a guerra com os Habsburgo e derrotou no interior o primeiro esforço coordenado da aristocracia e da burguesia para alterar a concentração de poder nas mãos do rei realizada por Richelieu. Em 1648, o Parlamento de Paris e os burgueses da cidade, unidos, protestaram contra os elevados impostos e, com o apoio dos artesãos, provocaram uma rebelião contra a Coroa, denominada A Fronda.
Com a morte do cardeal Mazarino em 1661, Luís XIV governou a França pessoalmente e se instituiu como modelo do monarca absolutista que governava por direito divino. O monarca era o representante de Deus na terra e a obediência do clero proporcionou-lhe a justificação teológica de seu direito divino. Um movimento dissidente, o jansenismo, que se desenvolveu no século XVII, passou a constituir ameaça política, razão pela qual Luís XIV lutou contra ele desde seus primórdios.
O ministro das Finanças, Jean-Baptiste Colbert, foi o grande expoente da era do mercantilismo. Antes de finalizar o reinado, no entanto, as despesas de guerra haviam arruinado a maior parte do trabalho de Colbert no âmbito econômico. Em 1685, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, o que fez com que a maioria dos huguenotes abandonassem a França, provocando grandes perdas econômicas.
Carlos II, rei da Espanha, não tinha herdeiro direto, o que o levou a nomear para sucedê-lo o neto de Luís XIV, Felipe de Anjou. Os outros Estados europeus temeram as conseqüências do grande aumento de poder dos Bourbon e se uniram em coalizão para evitá-lo. A Guerra da Sucessão Espanhola durou treze exaustivos anos. No final, Luís conseguiu seu principal objetivo e seu neto se converteu em rei da Espanha com o nome de Felipe V.
Luís XIV morreu em 1715 e foi sucedido por Luís XV. Tanto a ele como a seu sucessor, Luís XVI, faltava a habilidade necessária para adaptar as instituições nacionais às condições mutáveis do século XVIII. Não obstante, foi uma das épocas mais importantes da história do país. A França era a nação mais rica e poderosa do continente. O século se caracterizou por um extraordinário crescimento econômico e desenvolvimento cultural.
A nobreza conduziu nos parlamentos (tribunais) das províncias a oposição às iniciativas reais, reivindicando que os decretos reais fossem submetidos à aprovação parlamentar, com o objetivo de controlar o governo.
A oposição da classe intelectual à monarquia foi conduzida pelos filósofos, que sustentavam que toda a população tinha certos direitos naturais — vida, liberdade e propriedade — e que os governos existiam para garantir esses direitos. Estas idéias foram especialmente apreciadas pela burguesia, que havia aumentado em número, riqueza e ambição e ansiava estender sua destacada posição sócioeconômica ao âmbito político, participando das decisões do governo. Através da burguesia, as idéias penetraram as camadas inferiores da sociedade e chegaram a formar parte da cultura popular antes da revolução.
Os problemas financeiros do governo se acentuaram depois de 1740 pela retomada dos confrontos bélicos. A guerra de sucessão austríaca (1740-1748) e a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) foram conflitos europeus nos quais se decidia a hegemonia na Europa central e nas colônias. A França perdeu seu vasto império colonial na América e na Índia. Em 1778, os franceses intervieram na Guerra da Independência Norte-americana, apoiando a rebelião dos colonos para, dessa forma, debilitar a Grã-Bretanha e recuperar as colônias perdidas. No entanto, as esperanças francesas não se cconcretizaram, apesar do êxito dos insurgentes, e sua participação na guerra incrementou a já crescente e onerosa dívida nacional.
A responsabilidade de enfrentar a crise financeira recaiu sobre o jovem e indeciso Luís XVI. Depois de os parlamentos provinciais bloquearem todos os programas de reforma apresentados pelos ministros e improvisarem uma Assembléia de Notáveis em 1788, Luís obrigou o Parlamento de Paris a aceitar os editos reais que privavam os parlamentares de seus poderes políticos. Juízes, nobres e clérigos resistiram e tentaram evitar a aplicação do decreto real; conseguiram o apoio do exército e de uma população afetada por altos índices de desemprego e pelo preço do pão. Em julho, a assembléia de uma das províncias meridionais votou pela anulação da cobrança de impostos até que o rei convocasse uma sessão dos Estados Gerais, inativos desde 1615. Luís concordou em reunir os Estados Gerais em maio de 1789. A aristocracia havia triunfado na primeira etapa da Revolução Francesa, a qual terminou com a eleição de uma nova assembléia constituinte, a Convenção Nacional, estabelecida por sufrágio universal masculino, que em 1792 criou a I República francesa.
A Convenção permitiu que o poder executivo se concentrasse no Comitê de Salvação Pública. Este, dominado pela facção radical jacobina, inaugurou o denominado regime do Terror, para eliminar os inimigos da Revolução. O Rei foi julgado e executado em janeiro de 1793.
Em 1794, produziu-se uma reação contra o regime jacobino, que foi eliminado após um golpe de Estado. No ano seguinte, a Convenção Nacional adotou uma Constituição que previa um regime republicano constituído por um Diretório, que exercia o poder executivo, e um poder legislativo dividido em duas câmaras eleitas indiretamente.
O Diretório governou a França durante quatro anos difíceis, devido às convulsões causadas pela revolução e a guerra contínua. No interior, o Diretório era ameaçado à direita pelos monarquistas, desejosos de restaurar a monarquia, e à esquerda pelos jacobinos, determinados a estabelecer uma república democrática. O general Napoleão Bonaparte conduziu um golpe de Estado em 1799 e, junto com seus seguidores, destituiu o Diretório e estabeleceu o Consulado.
Napoleão nomeou-se chefe de Estado. A nova Constituição estabelecia os poderes essenciais do cargo que ele assumia, o de Primeiro Cônsul. Pôs-se à frente de um exército que penetrou na Itália e enviou outro ao sul da Alemanha, e suas vitórias obrigaram a Áustria a firmar a paz em 1801. A Grã-Bretanha, sem aliados e sem comércio com uma Europa cada vez mais dominada pela França, acordou firmar a Paz de Amiens (1802), que acabou com as hostilidades entre os dois países.
A legislação reunida no Código de Napoleão confirmou as principais vitórias obtidas pela Revolução, como a abolição dos privilégios feudais, a igualdade perante a lei e a liberdade de consciência.
Napoleão estabeleceu em 1804 o Império Francês e se coroou imperador. Isto confirmou suas ambições de extender-se além dos limites da França dos Bourbon e, em 1805, reiniciaram-se as Guerras Napoleônicas. Em pouco tempo, se converteu em dono da maior parte da Europa. Mas a própria extensão de suas conquistas fazia difícil mantê-las.
Depois da definitiva derrota do Império em 1815, na batalha de Waterloo, restaurou-se a monarquia na figura de Luís XVIII, irmão do rei decapitado.
Luís XVIII garantiu o cumprimento de uma Constituição, a Carta de 1814, que estabelecia uma monarquia parlamentar e reformas sociais expressadas nos códigos de leis napoleônicos. O regime era representativo, mas não democrático.
Os anos de governo dos moderados levaram, após o assassinato do duque de Berry, herdeiro do trono, em 1820, ao governo dos ultra-realistas com a coroação de seu máximo expoente em 1824, com o nome de Carlos X.
Em 1830 promulgou uma série de decretos para convocar novas eleições, reduzir o número de votantes e restringir a liberdade de imprensa. Isto conduziu a uma série de protestos e Carlos X, abandonado por todos exceto por uma minoria de monarquistas, abdicou. Os deputados ofereceram o trono a Luís Felipe, duque de Orléans, pertencente a um ramo da família dos Bourbon. Revisaram a Constituição para eliminar o poder legislativo do rei e ampliaram, moderadamente, o sufrágio.
A Monarquia de Julho, denominação que recebeu o regime de Luís Felipe, foi dominada pelos acomodados proprietários de terra e alguns homens de negócios e banqueiros, transformando-se em benfeitora da grande burguesia.
A rigidez do governo e a séria depressão econômica de 1846 e 1847 solaparam a base do regime e fizeram com que se propusesse um novo regime republicano como alternativa. Luís Felipe abdicou em 1848. Formou-se um governo provisório e proclamou-se a II República Francesa.
A Constituição da II República, promulgada em 1848, estabelecia um regime presidencialista e unicameral, no qual tanto o presidente da República como a Assembléia eram escolhidos por sufrágio universal masculino. Luís Napoleão Bonaparte foi eleito presidente por maioria, enquanto as eleições parlamentares deram a vitória aos monarquistas, contrários à República. Luís Napoleão tomou o poder com um golpe de Estado em 1851 e um ano depois restaurou o Império e assumiu o nome de Napoleão III.
A Pont des Arts, ponte de pedestres, cruza o Sena no centro de Paris. O Sena é o rio mais importante da França, pois proporciona as conexões entre Paris, centro econômico, político e cultural do país, e outras cidades, incluindo o porto do Havre na costa atlântica.
As conquistas de Luís Napoleão em política interna não condizem com seus fracassos no exterior. A vitória sobre a Rússia na guerra da Criméia (1853-1856) teve como contrapartida o fracasso da tentativa de impedir a ascensão da Prússia e do projeto de conseguir para a França compensações que fizessem frente ao aumento de território e de poder prussiano.
Depois da derrota a Assembléia Nacional, estabelecida para poder firmar um tratado de paz, teve que resistir a um grave conflito interno. Os republicanos radicais de Paris se rebelaram e instauraram um governo municipal independente, a Comuna de Paris, em 1871.
A maioria monarquista da Assembléia Nacional tentou restaurar a monarquia, mas não conseguiu resolver as diferenças entre os pretendentes dos Bourbon e dos Orléans ao trono, razão pela qual os republicanos conseguiram a aprovação de uma Constituição republicana em 1875.
Após a Guerra Franco-prussiana, a segurança nacional foi uma preocupação constante. Seguindo as previsões de Bismarck, o governo francês orientou seus objetivos para a expansão ultramarina e estabeleceu um império colonial na África e na Ásia, o segundo em extensão depois do Império Britânico. Em 1894, a França e a Rússia firmaram uma aliança defensiva que estabelecia ajuda mútua contra ataques alemães ou austro-húngaros. Uma década mais tarde, o temor comum, a Alemanha, estimulou a França e a Grã-Bretanha a resolver suas diferenças coloniais e a iniciar negociações para unificar suas operações militares e navais na Europa. Em 1907, a Grã-Bretanha e a Rússia também haviam resolvido suas diferenças e, junto com a França, formaram a Tríplice Entente, como resposta à Tríplice Aliança, integrada pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália.
O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro pelos nacionalistas sérvios em 1914 precipitou uma nova crise. Os interesses franceses não estavam implicados diretamente na disputa balcânica entre a Áustria-Hungria e a Rússia, mas o governo respaldou seu aliado russo. A Alemanha, apoiando a Áustria-Hungria, declarou guerra à Rússia e, após a negativa francesa de permanecer neutra, declarou guerra à França.
Em 1918, a unificação das forças aliadas, a entrada dos Estados Unidos na guerra e o esgotamento da maquinaria de guerra alemã permitiram aos aliados desenvolver uma ofensiva que obrigou o governo alemão a pedir a paz. Em 11 de novembro de 1918, a recém estabelecida República de Weimar, na Alemanha, aceitou o armistício e firmou-se a paz no Tratado de Versalhes.
O problema interno mais agudo depois da guerra foi a estabilização do franco. A desvalorização prejudicou duramente a burguesia, que havia sido núcleo de apoio social à República e que dependia de suas economias. Os últimos anos da década de 1920 e os primeiros de 1930 significaram um breve interlúdio de prosperidade e calma, que terminaram com a chegada à Europa dos efeitos da Grande Depressão e com o ressurgimento, depois de 1933, de uma Alemanha agressiva.
Ao longo das décadas de 1920 e 1930, a segurança nacional continuou sendo a principal preocupação do governo. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos não ofereceram garantias de evitar o rearmamento alemão, razão pela qual a França tentou conseguir certa segurança estabelecendo alianças com a Bélgica e com os estados da Europa oriental que poderiam ameaçar a Alemanha com uma guerra de duas frentes, caso a França fosse atacada. Adolf Hitler ascendeu ao poder na Alemanha em 1933 e começou o processo de rearmamento. Em setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, e a França e a Grã-Bretanha declararam-lhe guerra, o que deu início à II Guerra Mundial.
Terminada a guerra, o Comitê Francês de Libertação Nacional transformou-se em governo provisório da República francesa. Charles de Gaulle dominou o governo durante os 15 meses seguintes, mas cedeu seu cargo em 1946, quando a recém eleita Assembléia Constituinte se mostrou em desacordo com seus pontos de vista sobre a necessidade de um regime presidencialista unicameral.
A IV República foi instituída após a promulgação de uma nova Constituição no final de 1946. As grandes conquistas do regime foram a reforma social e o desenvolvimento econômico. Em 1957, a França uniu-se a outros cinco países europeus ocidentais para fundar a Comunidade Econômica Européia.
Os problemas coloniais (a perda da Indochina e a guerra de independência da Argélia) acabaram com a IV República. Em 1958, a Assembléia Nacional outorgou a De Gaulle plenos poderes para governar o país durante seis meses e para redigir a Constituição da V República, aprovada por referendo popular.
Sob a nova Constituição francesa, as colônias conseguiram autonomia de governo dentro da Comunidade Francesa, mas os nacionalistas de cada enclave colonial ansiavam conseguir a independência e em 1960 revisou-se a Constituição, para permitir a separação amistosa da França das antigas colônias.
Os acontecimentos do Maio francês, ocorridos em 1968, desembocaram na demissão de De Gaulle, em 1969. Nas eleições, Georges Pompidou foi escolhido presidente da República.
O falecimento de Pompidou aconteceu repentinamente em 1974. Ganhou as eleições o candidato dos republicanos independentes, Valéry Giscard d'Estaing.
Em 1981, após a vitória socialista nas urnas, François Mitterrand substituiu Giscard como presidente da República. O governo nacionalizou a maioria dos bancos e das firmas industriais, elevou os impostos e ampliou os benefícios sociais. Em 1982 e 1983, uma recessão econômica fez com que o governo impusesse medidas de austeridade. Como conseqüência, em 1986 Mitterrand teve que conviver com Jacques Chirac como primeiro ministro. Esta foi a primeira vez desde 1958 em que partidos opostos governaram juntos, no denominado governo de coabitação. Depois de várias mudanças de governo, as eleições presidenciais de 1995 levaram Jacques Chirac à presidência da República, ao mesmo tempo em que o socialista Alain Juppé assumia a chefia do governo.
Os gregos, no século VII a.C., estabeleceram uma colônia em Marselha e negociaram com o interior através do vale do Ródano. No século V a.C. a cultura de La Tène se extendeu do leste da Gália a todo o resto do mundo celta.
Em 121 a.C., os romanos ocuparam Marselha, a que chamaram Massilia, e fundaram outros assentamentos no interior, que constituíram a base territorial da província romana da Gália Narbonense. Júlio César conquistou o resto da Gália entre 58 e 51 a.C., consolidando o poder romano.
Ao longo de todo o século IV da nossa era, pequenos grupos de germanos se haviam assentado na Gália por meio de pactos com as autoridades romanas. Em 406, este movimento se converteu em invasão quando os vândalos, os suevos e os alanos atravessaram a fronteira e se espalharam através da Gália. Em 412, os visigodos se estabeleceram no sul e em 440 os burgúndios na Gália oriental.
No último quarto do século V, quando diminuiu a autoridade imperial romana na parte ocidental do Império, os francos sálios conquistaram a Gália. Seu rei, Clodoveu I, ao converter-se ao cristianismo em 496, pôde consolidar seu domínio sobre o país.
A dinastia de Clodoveu, os merovíngios, governou até o ano 751. De acordo com o costume francês, todas as possessões do rei, inclusive o título real, se dividiam, com sua morte, entre seus filhos. Devido a esta prática, a França merovíngia se caracterizou por uma contínua desunião que culminou na guerra civil do século VI. No final do século VII, um mordomo do palácio, Pepino de Herstal, mostrando-se superior a seus rivais, estendeu com êxito sua autoridade sobre os ducados francos da Nêustria e da Borgonha. Em 751 Pepino, o Breve, depôs o último rei merovíngio e foi coroado rei dos francos.
A nova dinastia — posteriormente denominada carolíngia, por causa de seu membro mais destacado, Carlos Magno — se consolidou com a aliança estabelecida por Pepino com o Papado. Em troca da ajuda dos francos contra os lombardos, que estavam invadindo o território papal na Itália, o papa Estêvão II aprovou a pretensão ao trono dos carolíngios. Com a morte de Pepino (768), Carlos Magno se converteu em rei até o ano 800, quando foi coroado pelo papa Leão III com o título de Imperador dos Romanos.
Os ataques dos vikings e os problemas ocorridos após o reinado de seu filho Luís I, o Piedoso, significaram o início da decadência do Império carolíngio.
Luís decretou em 817 que seu filho mais velho, Lotário I, herdaria o Império e que seus três filhos mais jovens, Pepino de Aquitânia, Luís II, o Germânico, e Carlos, o Calvo, teriam reinos a ele subordinados. A divisão deu lugar a uma série de conflitos que só foram resolvidos em 843, com o Tratado de Verdun.
A desunião dos francos facilitou as incursões dos vikings que, em 911 e sob o comando de Rollon, obtiveram de Carlos III, o Simples, o território do curso inferior do Sena, que recebeu o nome de Normandia.
Com a morte de Luís V, último rei carolíngio, Hugo I Capeto iniciou a dinastia dos Capetos. Do ano 987 até 1328, a coroa foi transmitida sem interrupções na linha masculina direta.
A catedral de Chartres é um dos edifícios góticos mais famosos do mundo graças, em grande parte, a sua decoração escultórica e a suas janelas, que conservam a maior parte dos vitrais originais. A construção foi iniciada em 1194, após o incêndio que destruiu a antiga catedral situada no mesmo local. As duas torres na fachada oeste foram construídas com trezentos anos de diferença e têm diferentes formas e alturas, devido a modificações do estilo arquitetônico. O capitel, do final do período românico, em primeiro plano, é datado do século XIII e a agulha norte, do final do período gótico, ao fundo, é do século XVI.
Luís VI, o Gordo, consolidou o poder real na Île-de-France, região com centro em Paris, que era o feudo hereditário da família. Felipe II Augusto, por intermédio de seu primeiro matrimônio, conseguiu novos territórios no norte da França — Artois, Valois e Vermandois. Também assegurou o controle real sobre Vexin, uma área pequena, porém vital, no rio Sena, por constituir a fronteira entre a Normandia e a Île-de-France.
Em 1204, Felipe empreendeu a conquista militar da Normandia e de Anjou. Dez anos depois, o monarca francês assegurou os territórios conquistados ao vencer uma coalizão formada por Inglaterra, Flandres e o Sacro Império Romano na batalha de Bouvines.
Luís VIII, o Leão, dirigiu uma campanha que terminou com a expansão do domínio real em direção à costa mediterrânea.
Felipe IV, que reinou entre 1285 e 1314, foi o último dos grandes reis Capetos e fortaleceu amplamente os poderes régios. O rei anexou com êxito o Franco Condado, Lyon e partes da Lorena, mas fracassou em seu objetivo de controlar Flandres.
A intervenção de Felipe IV em Flandres foi bastante onerosa, o que o levou a tentar gravar com impostos o clero, provocando agudo conflito com o papa Bonifácio VIII.
Entre 1314 e 1328, três filhos de Felipe IV — Luís X (e seu filho João I, o Póstumo, que só viveu alguns meses), Felipe V e Carlos IV, o Belo — subiram ao trono sucessivamente e todos morreram sem deixar nenhum herdeiro varão. Com a morte de Carlos IV, a coroa passou ao sobrinho de Felipe IV, Felipe de Valois, que reinou como Felipe VI de 1328 a 1350, começando a dinastia Valois. O rei inglês Eduardo III, em 1337, reivindicou a condição de herdeiro do trono francês, por ser neto de Felipe IV, e os dois reinos entraram em conflito, iniciando-se a Guerra dos Cem Anos.
A segunda metade do século XIV foi um período marcado por várias manifestações de mal-estar social. Com uma economia deprimida, os custos da guerra continuaram a se avolumar. Durante este período os Estados Gerais, convocados pela primeira vez por Felipe V, conseguiram grande poder.
Durante o reinado de Carlos VI (1380-1422), o rei inglês Henrique V invadiu a França, derrotou o exército francês na batalha de Azincourt e tomou o controle da maior parte da França ao norte do Loire.
A revitalização francesa sob Carlos VII (reinou de 1422 a 1461) começou com a figura de Joana d'Arc. A guerra continuou por mais de 20 anos e em 1453 os ingleses tiveram que ceder todos os seus territórios continentais, com exceção de Calais.
Luís XI, que reinou de 1461 a 1483, consolidou a autoridade real, incorporou a maior parte do ducado de Borgonha a seu reino e utilizou as receitas reais para proteger, facilitar e estimular o desenvolvimento econômico.
Carlos VIII, rei de 1483 a 1498, casou-se com Ana, duquesa da Bretanha. Graças a esse casamento, o último principado feudal independente se incorporou à Coroa francesa.
Com apenas 13 anos, Joana d'Arc convenceu um conselho de teólogos de que Deus lhe havia encomendado salvar a França, durante a guerra dos Cem Anos com a Inglaterra. Conduziu a França a diversas vitórias militares sobre os ingleses em 1429. Um ano depois, ao dirigir uma batalha sem autorização, foi feita prisioneira, acusada e condenada por heresia, por pretender tratar com Deus sem levar em conta a Igreja Católica. Joana d'Arc foi queimada na fogueira em 1431, mas depois de 25 anos a Igreja modificou a condenação e mais tarde canonizou-a.
No final do século XV, a França havia superado as divisões territoriais de seu passado feudal e virou uma monarquia nacional que incorporava a maioria dos territórios compreendidos entre os Pireneus e o canal da Mancha. Na metade do século seguinte, a paz interna e o crescimento da economia elevaram a posição social dos grandes comerciantes, dos banqueiros e dos cobradores de impostos, enquanto a nobreza, dependente de receitas fixas e com as dívidas em aumento, viu como a inflação ameaçava seu poder econômico e social.
Os três primeiros monarcas do período — Carlos VIII, Luís XII e Francisco I — aproveitaram o forte crescimento da nação e a estabilidade interna para reclamar pelas armas o reino de Nápoles e o ducado de Milão. Na década de 1520, as guerras italianas se converteram em ampla disputa entre a França e a dinastia dos Habsburgo, reinante na Espanha e na Áustria, um enfrentamento que continuou de forma intermitente durante um século e meio. As guerras italianas terminaram com a Paz de Cateau-Cambrésis (1559), negociada pelo filho de Francisco I, Henrique II.
O aumento da população, sem o correspondente aumento da produção, e a inflação monetária, levaram a maioria do povo à pobreza. A Reforma protestante, que se propagou a partir da Alemanha durante o reinado de Francisco I, havia atraído muitos seguidores; mas nas décadas de 1540 e 1550, os postulados e doutrinas de João Calvino conseguiram o apoio de muitos partidários entre a nobreza e o povo simples. Henrique II considerou o calvinismo uma ameaça à autoridade real e tentou acabar com ele. Sob o reinado dos três filhos que o sucederam, as guerras de religião (onde se misturaram conflitos religiosos, políticos e dinásticos) dilaceraram o país.
Em 1584 Henrique de Navarra, descendente de Luís IX e chefe dos huguenotes (nome que receberam os protestantes franceses), passou a ser o herdeiro do trono, ao qual ascendeu com o nome de Henrique IV da França, estabelecendo a dinastia dos Bourbon no trono francês.
Em 1598, Henrique IV tentou assegurar a paz interna em seus domínios mediante a promulgação do Edito de Nantes, que garantia a liberdade de consciência.
A Henrique sucedeu seu filho, Luís XIII. Em 1624, escolheu como primeiro ministro o cardeal de Richelieu, que foi o governante efetivo da França durante os 18 anos seguintes. As principais metas de Richelieu consistiram em eliminar todos os rivais do poder real e conter as ameaças do estrangeiro.
O palácio e os jardins de Versalhes, próximos a Paris, são famosos por sua beleza e luxo. Quase 101 hectares de jardins meticulosamente planejados rodeiam o impressionante palácio barroco de mais de 1.300 quartos. A construção do palácio foi iniciada em 1661, durante o reinado de Luís XIV, e concluída 40 anos mais tarde. Foi a residência real até a Revolução Francesa de 1789.
Quando Richelieu se converteu no primeiro ministro do rei, a guerra dos Trinta Anos se encontrava em sua primeira década. Em 1635, Richelieu introduziu a França na guerra, como aliada dos protestantes suecos e holandeses contra os Habsburgo católicos. A Paz de Vestfália (1648) concedeu a maior parte da Alsácia ao reino da França e assegurou a contínua divisão e debilidade dos territórios alemães. Mediante a Paz dos Pireneus (1659), firmada com a Espanha, a França conseguiu Artois no norte e o Roussillon na fronteira espanhola.
Luís XIV governou inicialmente tendo como primeiro ministro o protegido de Richelieu, o cardeal Giulio Mazarino, que concluiu de forma vitoriosa a guerra com os Habsburgo e derrotou no interior o primeiro esforço coordenado da aristocracia e da burguesia para alterar a concentração de poder nas mãos do rei realizada por Richelieu. Em 1648, o Parlamento de Paris e os burgueses da cidade, unidos, protestaram contra os elevados impostos e, com o apoio dos artesãos, provocaram uma rebelião contra a Coroa, denominada A Fronda.
Com a morte do cardeal Mazarino em 1661, Luís XIV governou a França pessoalmente e se instituiu como modelo do monarca absolutista que governava por direito divino. O monarca era o representante de Deus na terra e a obediência do clero proporcionou-lhe a justificação teológica de seu direito divino. Um movimento dissidente, o jansenismo, que se desenvolveu no século XVII, passou a constituir ameaça política, razão pela qual Luís XIV lutou contra ele desde seus primórdios.
O ministro das Finanças, Jean-Baptiste Colbert, foi o grande expoente da era do mercantilismo. Antes de finalizar o reinado, no entanto, as despesas de guerra haviam arruinado a maior parte do trabalho de Colbert no âmbito econômico. Em 1685, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, o que fez com que a maioria dos huguenotes abandonassem a França, provocando grandes perdas econômicas.
Carlos II, rei da Espanha, não tinha herdeiro direto, o que o levou a nomear para sucedê-lo o neto de Luís XIV, Felipe de Anjou. Os outros Estados europeus temeram as conseqüências do grande aumento de poder dos Bourbon e se uniram em coalizão para evitá-lo. A Guerra da Sucessão Espanhola durou treze exaustivos anos. No final, Luís conseguiu seu principal objetivo e seu neto se converteu em rei da Espanha com o nome de Felipe V.
Luís XIV morreu em 1715 e foi sucedido por Luís XV. Tanto a ele como a seu sucessor, Luís XVI, faltava a habilidade necessária para adaptar as instituições nacionais às condições mutáveis do século XVIII. Não obstante, foi uma das épocas mais importantes da história do país. A França era a nação mais rica e poderosa do continente. O século se caracterizou por um extraordinário crescimento econômico e desenvolvimento cultural.
A nobreza conduziu nos parlamentos (tribunais) das províncias a oposição às iniciativas reais, reivindicando que os decretos reais fossem submetidos à aprovação parlamentar, com o objetivo de controlar o governo.
A oposição da classe intelectual à monarquia foi conduzida pelos filósofos, que sustentavam que toda a população tinha certos direitos naturais — vida, liberdade e propriedade — e que os governos existiam para garantir esses direitos. Estas idéias foram especialmente apreciadas pela burguesia, que havia aumentado em número, riqueza e ambição e ansiava estender sua destacada posição sócioeconômica ao âmbito político, participando das decisões do governo. Através da burguesia, as idéias penetraram as camadas inferiores da sociedade e chegaram a formar parte da cultura popular antes da revolução.
Os problemas financeiros do governo se acentuaram depois de 1740 pela retomada dos confrontos bélicos. A guerra de sucessão austríaca (1740-1748) e a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) foram conflitos europeus nos quais se decidia a hegemonia na Europa central e nas colônias. A França perdeu seu vasto império colonial na América e na Índia. Em 1778, os franceses intervieram na Guerra da Independência Norte-americana, apoiando a rebelião dos colonos para, dessa forma, debilitar a Grã-Bretanha e recuperar as colônias perdidas. No entanto, as esperanças francesas não se cconcretizaram, apesar do êxito dos insurgentes, e sua participação na guerra incrementou a já crescente e onerosa dívida nacional.
A responsabilidade de enfrentar a crise financeira recaiu sobre o jovem e indeciso Luís XVI. Depois de os parlamentos provinciais bloquearem todos os programas de reforma apresentados pelos ministros e improvisarem uma Assembléia de Notáveis em 1788, Luís obrigou o Parlamento de Paris a aceitar os editos reais que privavam os parlamentares de seus poderes políticos. Juízes, nobres e clérigos resistiram e tentaram evitar a aplicação do decreto real; conseguiram o apoio do exército e de uma população afetada por altos índices de desemprego e pelo preço do pão. Em julho, a assembléia de uma das províncias meridionais votou pela anulação da cobrança de impostos até que o rei convocasse uma sessão dos Estados Gerais, inativos desde 1615. Luís concordou em reunir os Estados Gerais em maio de 1789. A aristocracia havia triunfado na primeira etapa da Revolução Francesa, a qual terminou com a eleição de uma nova assembléia constituinte, a Convenção Nacional, estabelecida por sufrágio universal masculino, que em 1792 criou a I República francesa.
A Convenção permitiu que o poder executivo se concentrasse no Comitê de Salvação Pública. Este, dominado pela facção radical jacobina, inaugurou o denominado regime do Terror, para eliminar os inimigos da Revolução. O Rei foi julgado e executado em janeiro de 1793.
Em 1794, produziu-se uma reação contra o regime jacobino, que foi eliminado após um golpe de Estado. No ano seguinte, a Convenção Nacional adotou uma Constituição que previa um regime republicano constituído por um Diretório, que exercia o poder executivo, e um poder legislativo dividido em duas câmaras eleitas indiretamente.
O Diretório governou a França durante quatro anos difíceis, devido às convulsões causadas pela revolução e a guerra contínua. No interior, o Diretório era ameaçado à direita pelos monarquistas, desejosos de restaurar a monarquia, e à esquerda pelos jacobinos, determinados a estabelecer uma república democrática. O general Napoleão Bonaparte conduziu um golpe de Estado em 1799 e, junto com seus seguidores, destituiu o Diretório e estabeleceu o Consulado.
Napoleão nomeou-se chefe de Estado. A nova Constituição estabelecia os poderes essenciais do cargo que ele assumia, o de Primeiro Cônsul. Pôs-se à frente de um exército que penetrou na Itália e enviou outro ao sul da Alemanha, e suas vitórias obrigaram a Áustria a firmar a paz em 1801. A Grã-Bretanha, sem aliados e sem comércio com uma Europa cada vez mais dominada pela França, acordou firmar a Paz de Amiens (1802), que acabou com as hostilidades entre os dois países.
A legislação reunida no Código de Napoleão confirmou as principais vitórias obtidas pela Revolução, como a abolição dos privilégios feudais, a igualdade perante a lei e a liberdade de consciência.
Napoleão estabeleceu em 1804 o Império Francês e se coroou imperador. Isto confirmou suas ambições de extender-se além dos limites da França dos Bourbon e, em 1805, reiniciaram-se as Guerras Napoleônicas. Em pouco tempo, se converteu em dono da maior parte da Europa. Mas a própria extensão de suas conquistas fazia difícil mantê-las.
Depois da definitiva derrota do Império em 1815, na batalha de Waterloo, restaurou-se a monarquia na figura de Luís XVIII, irmão do rei decapitado.
Luís XVIII garantiu o cumprimento de uma Constituição, a Carta de 1814, que estabelecia uma monarquia parlamentar e reformas sociais expressadas nos códigos de leis napoleônicos. O regime era representativo, mas não democrático.
Os anos de governo dos moderados levaram, após o assassinato do duque de Berry, herdeiro do trono, em 1820, ao governo dos ultra-realistas com a coroação de seu máximo expoente em 1824, com o nome de Carlos X.
Em 1830 promulgou uma série de decretos para convocar novas eleições, reduzir o número de votantes e restringir a liberdade de imprensa. Isto conduziu a uma série de protestos e Carlos X, abandonado por todos exceto por uma minoria de monarquistas, abdicou. Os deputados ofereceram o trono a Luís Felipe, duque de Orléans, pertencente a um ramo da família dos Bourbon. Revisaram a Constituição para eliminar o poder legislativo do rei e ampliaram, moderadamente, o sufrágio.
A Monarquia de Julho, denominação que recebeu o regime de Luís Felipe, foi dominada pelos acomodados proprietários de terra e alguns homens de negócios e banqueiros, transformando-se em benfeitora da grande burguesia.
A rigidez do governo e a séria depressão econômica de 1846 e 1847 solaparam a base do regime e fizeram com que se propusesse um novo regime republicano como alternativa. Luís Felipe abdicou em 1848. Formou-se um governo provisório e proclamou-se a II República Francesa.
A Constituição da II República, promulgada em 1848, estabelecia um regime presidencialista e unicameral, no qual tanto o presidente da República como a Assembléia eram escolhidos por sufrágio universal masculino. Luís Napoleão Bonaparte foi eleito presidente por maioria, enquanto as eleições parlamentares deram a vitória aos monarquistas, contrários à República. Luís Napoleão tomou o poder com um golpe de Estado em 1851 e um ano depois restaurou o Império e assumiu o nome de Napoleão III.
A Pont des Arts, ponte de pedestres, cruza o Sena no centro de Paris. O Sena é o rio mais importante da França, pois proporciona as conexões entre Paris, centro econômico, político e cultural do país, e outras cidades, incluindo o porto do Havre na costa atlântica.
As conquistas de Luís Napoleão em política interna não condizem com seus fracassos no exterior. A vitória sobre a Rússia na guerra da Criméia (1853-1856) teve como contrapartida o fracasso da tentativa de impedir a ascensão da Prússia e do projeto de conseguir para a França compensações que fizessem frente ao aumento de território e de poder prussiano.
Depois da derrota a Assembléia Nacional, estabelecida para poder firmar um tratado de paz, teve que resistir a um grave conflito interno. Os republicanos radicais de Paris se rebelaram e instauraram um governo municipal independente, a Comuna de Paris, em 1871.
A maioria monarquista da Assembléia Nacional tentou restaurar a monarquia, mas não conseguiu resolver as diferenças entre os pretendentes dos Bourbon e dos Orléans ao trono, razão pela qual os republicanos conseguiram a aprovação de uma Constituição republicana em 1875.
Após a Guerra Franco-prussiana, a segurança nacional foi uma preocupação constante. Seguindo as previsões de Bismarck, o governo francês orientou seus objetivos para a expansão ultramarina e estabeleceu um império colonial na África e na Ásia, o segundo em extensão depois do Império Britânico. Em 1894, a França e a Rússia firmaram uma aliança defensiva que estabelecia ajuda mútua contra ataques alemães ou austro-húngaros. Uma década mais tarde, o temor comum, a Alemanha, estimulou a França e a Grã-Bretanha a resolver suas diferenças coloniais e a iniciar negociações para unificar suas operações militares e navais na Europa. Em 1907, a Grã-Bretanha e a Rússia também haviam resolvido suas diferenças e, junto com a França, formaram a Tríplice Entente, como resposta à Tríplice Aliança, integrada pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália.
O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro pelos nacionalistas sérvios em 1914 precipitou uma nova crise. Os interesses franceses não estavam implicados diretamente na disputa balcânica entre a Áustria-Hungria e a Rússia, mas o governo respaldou seu aliado russo. A Alemanha, apoiando a Áustria-Hungria, declarou guerra à Rússia e, após a negativa francesa de permanecer neutra, declarou guerra à França.
Em 1918, a unificação das forças aliadas, a entrada dos Estados Unidos na guerra e o esgotamento da maquinaria de guerra alemã permitiram aos aliados desenvolver uma ofensiva que obrigou o governo alemão a pedir a paz. Em 11 de novembro de 1918, a recém estabelecida República de Weimar, na Alemanha, aceitou o armistício e firmou-se a paz no Tratado de Versalhes.
O problema interno mais agudo depois da guerra foi a estabilização do franco. A desvalorização prejudicou duramente a burguesia, que havia sido núcleo de apoio social à República e que dependia de suas economias. Os últimos anos da década de 1920 e os primeiros de 1930 significaram um breve interlúdio de prosperidade e calma, que terminaram com a chegada à Europa dos efeitos da Grande Depressão e com o ressurgimento, depois de 1933, de uma Alemanha agressiva.
Ao longo das décadas de 1920 e 1930, a segurança nacional continuou sendo a principal preocupação do governo. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos não ofereceram garantias de evitar o rearmamento alemão, razão pela qual a França tentou conseguir certa segurança estabelecendo alianças com a Bélgica e com os estados da Europa oriental que poderiam ameaçar a Alemanha com uma guerra de duas frentes, caso a França fosse atacada. Adolf Hitler ascendeu ao poder na Alemanha em 1933 e começou o processo de rearmamento. Em setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, e a França e a Grã-Bretanha declararam-lhe guerra, o que deu início à II Guerra Mundial.
Terminada a guerra, o Comitê Francês de Libertação Nacional transformou-se em governo provisório da República francesa. Charles de Gaulle dominou o governo durante os 15 meses seguintes, mas cedeu seu cargo em 1946, quando a recém eleita Assembléia Constituinte se mostrou em desacordo com seus pontos de vista sobre a necessidade de um regime presidencialista unicameral.
A IV República foi instituída após a promulgação de uma nova Constituição no final de 1946. As grandes conquistas do regime foram a reforma social e o desenvolvimento econômico. Em 1957, a França uniu-se a outros cinco países europeus ocidentais para fundar a Comunidade Econômica Européia.
Os problemas coloniais (a perda da Indochina e a guerra de independência da Argélia) acabaram com a IV República. Em 1958, a Assembléia Nacional outorgou a De Gaulle plenos poderes para governar o país durante seis meses e para redigir a Constituição da V República, aprovada por referendo popular.
Sob a nova Constituição francesa, as colônias conseguiram autonomia de governo dentro da Comunidade Francesa, mas os nacionalistas de cada enclave colonial ansiavam conseguir a independência e em 1960 revisou-se a Constituição, para permitir a separação amistosa da França das antigas colônias.
Os acontecimentos do Maio francês, ocorridos em 1968, desembocaram na demissão de De Gaulle, em 1969. Nas eleições, Georges Pompidou foi escolhido presidente da República.
O falecimento de Pompidou aconteceu repentinamente em 1974. Ganhou as eleições o candidato dos republicanos independentes, Valéry Giscard d'Estaing.
Em 1981, após a vitória socialista nas urnas, François Mitterrand substituiu Giscard como presidente da República. O governo nacionalizou a maioria dos bancos e das firmas industriais, elevou os impostos e ampliou os benefícios sociais. Em 1982 e 1983, uma recessão econômica fez com que o governo impusesse medidas de austeridade. Como conseqüência, em 1986 Mitterrand teve que conviver com Jacques Chirac como primeiro ministro. Esta foi a primeira vez desde 1958 em que partidos opostos governaram juntos, no denominado governo de coabitação. Depois de várias mudanças de governo, as eleições presidenciais de 1995 levaram Jacques Chirac à presidência da República, ao mesmo tempo em que o socialista Alain Juppé assumia a chefia do governo.
História da Civilização Francesa
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